quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural
Caros amigos. Mais uma ótima participação no nosso seminário. Esta é Bianca Behrends, historiadora, pesquisadora, integrante da equipe de criação da GRES Beija-Flor de Nilópolis.
Confira a participação dela no nosso seminário
Muita gente nem pensa que no grande mundo do carnaval, com passistas, carnavalescos, destaques, artesãos, há outros profissionais tão importantes quanto. Já pensou quanto tempo gasto e os cuidados necessários para contar e desenvolver o enredo deu ma escola de samba de forma clara, verdadeira e fiel? Pois para isso, a participação de um historiador ou um pesquisador é fundamental.
Na G.R.E.S Beija-Flor de Nilópolis, uma dessas profissionais é Bianca Behrends, pesquisadora e historiadora de Cultura Popular Brasileira e integrante da Equipe de Criação da escola que desde 2003. Designada a realizar a pesquisa de retratação do enredo e documentação do carnaval, a função abrange a área de história, folclore, lendas, mitos e oralidade (dentre outros); além do levantamento bibliográfico e de referências gráficas que sirvam para a confecção de figurinos, fantasias, adereços e alegorias.
Bianca Behrends se formou em Ciências Sociais e concluiu especialização em Cultura Popular Brasileira – Festas Populares, Carnaval, Festas Regionais e Festas Religiosas, e em Políticas Públicas na Área de Segurança.
Nada começa a ser produzido sem antes passar pelas mãos de Bianca. Para isso, a presença “in loco” muitas vezes é necessária. Participar de exposições, visitar museus, bibliotecas, procurar universidades e muita, muita pesquisa também são fundamentais. O trabalho, realizado pela equipe de criação, é o suporte para a comissão de carnaval
“Minha função é colher as informações sobre o enredo. Colher informações históricas, culturais. A história oral também é muito importante para que a gente mostre ao público a história daquele tema”, disse.
Ela explica mais detalhadamente seu trabalho. “Depois que a Comissão de Carnaval e a Presidência decidem qual será o enredo, eu fico responsável por fazer um levantamento de todas as informações possíveis acerca daquele tema: História, estórias, lendas, mitos, oralidade, folclore, cultura (regional, se for o caso), referências gráficas e visuais. A seguir, a comissão e a equipe de Criação escrevem a Sinopse, que é entregue para os compositores que vão participar do concurso de sambas-enredo”, revelou.
Ainda de acordo com Bianca Behrens, dentre as informações pesquisadas, as mais importantes são retratadas nos carros alegóricos, e as que são importantes, mas têm um grau de relevância menor se comparadas às informações trazidas nas alegorias, são retratadas nas fantasias. A partir disso, os desenhos dos carros alegóricos e os figurinos começam a ser desenhados.
Concluídos e aprovados os desenhos, enquanto os protótipos começam a ser feitos, o trabalho da pesquisadora é fazer a documentação oficial do carnaval: descrição das alegorias, descrição das fantasias, histórico, justificativa e ficha técnica. “Cabe ressaltar que cada escultura, cada destaque e cada detalhe das alegorias e fantasias precisa ser esclarecido nas descrições. O corpo de jurados precisa "ler" o enredo enquanto a Escola desfila, ao som do samba-enredo. Em caso de qualquer dúvida, ou complemento, a documentação, precisa, esclarece o que for necessário”, ressaltou.
Bianca Behrends destaca também que toda produção e o trabalho feito tem que ser em equipe e que é o ponto de partida para o carnaval apresentado pela escola. Com uma forte base de conhecimento e de pesquisa, o carnavalesco pode contar de forma segura a história proposta pela escola.
Durante a participação no seminário, ela falou sobre o trabalho que realiza na agremiação e destacou que no meio de tantas celebridades e de um universo por traz da festa de Momo muito mais masculino que feminino, não se sente discriminada pela profissão que escolheu. “Cada vez mais a exigência na profissionalização é maior, independentemente de ser homem ou mulher. Mas, realmente, no início acharam até que eu fosse passista”, lembra a historiadora.
Para o enredo deste ano, que contará a história do rei Roberto Carlos, Bianca Behrends ressalta o trabalho de produção, de pesquisa e desenvolvimento é minucioso feito pela equipe com o objetivo de levar para a avenida desde a infância do cantor em Cachoeiro do Itapemirim até os dias de hoje. A cidade natal do Rei, aliás, terá papel fundamental no desfile, explicou a historiadora. Do total de oito carros alegóricos da Beija-Flor dois representarão Cachoeiro, inclusive, o abre-alas.
“ Vamos falar sobre Roberto Carlos que é um artista muito próximo, muitos o admiram. Então procuramos o que ele tem de mais marcante: a origem, a trajetória.”, explicou.
Bianca Behrends ressalta que apesar da atividade intensa, principalmente, com a proximidade do carnaval, tudo vale a pena quando aparece o resultado do seu trabalho na avenida.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural
Jorge Sapia
Vice-presidente do Sebastiana - Associação Independente dos Blocos da Zona Sul, Centro e Santa Teresa
“O crescimento do carnaval de rua”
Tem argentino no samba! Jorge Sápia tem 56 anos de idade, dos quais 36 morando no Rio de Janeiro. Ao contrário da maioria dos portenhos, a grande paixão não o futebol, nem Maradona, é o carnaval. E não se contentou em ser apenas folião, mas participa atividade da organização.
Jorge Sapia é vice-presidente da Sebastiana, a Associação de Blocos Independentes do Centro, Zona Sul e Santa Teresa que inclui os tradicionais Simpatia É Quase Amor, Bloco do Barbas, Suvaco do Cristo, Bloco de Segunda, Imprensa Que Eu Gamo, Escravos da Mauá, Carmelitas, Bloco da Ansiedade, Que Merda é Essa, Virtual, Gigantes da Lira e o Meu Bem Volto Já, bloco fundado por ele há 17 anos e que sai pelas ruas do Leme.
Em 2000, como que prevendo a explosão do carnaval de rua, um grupo de diretores de blocos tradicionais se uniu para criar o Sebastiana. De acordo com Sapia, a ideia era buscar soluções para garantir a alegria. Até então, não havia organização, segurança nem patrocínios. Na época, alguns blocos já reunia cerca de 10 mil pessoas. Hoje são mais de 400 blocos, com uma previsão de 3 milhões de foliões nas ruas da cidade entre adultos, jovens e crianças.
Jorge Sapia afirma que essas manifestações contribuem para criar uma sociedade que ajude fomentar a discussão sobre a realização deventos, de práticas sociais mais importantes. “ O carnaval de blocos cresce assustadoramente. O Rio recebeu mais gente brincando nas ruaso, um número significativo. E esse crescimento tem uma relevância político cultural enorme. Essa indústria da emoção e da alegria é importante para construir uma cidade pautada pela união e solidariedade e não uma cidade partida”, destacou Sapia.
O vice-presidente do Sebastiana disse que a atual administração municipal tem ouvido as necessidade dos blocos e reconhece a importância de se dar atenção para o carnaval de rua que beneficia varias áreas: social, turística e econômica. Porém, reconhece as dificuldades. “Colocar um milhão e meio de pessoas na cidade é um desafio da cidade. Defendemos a ideia da regionalização dos blocos, estabelecer as relações sociais com a comunidade”, disse.
Mais uma participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural
Sérgio Gramático Júnior - escritor e jornalista
“Carnaval e o mercado literário”
Sérgio Gramático Júnior não esconde a paixão, principalmente, pelo carnaval, principalmente, aquele que se aproxima do povo, da sociedade. E o gosto pela folia foi além do simples divertimento como participante assíduo do bloco Barbas, que sai aos sábados pelas ruas de Laranjeiras. “ O Barbas acabava e nós ficávamos ali pelos bares da região, querendo esticar a festa. Um amigo começou a tocar tan-tan, cantando sambas de enredo antigos. O pessoal se juntou e cantou junto. Outro amigo teve a ideia do trocadilho: "este é o Re-barbas, a rebarba do Barbas", e assim surgiu o novo bloco que saiu informalmente durante alguns anos. Há 3 anos resolvemos fazer o bloco acontecer e chegou a reunir 600 pessoas.
E o envolvimento com as artes carnavalescas foi além da alegria das ruas e se materializou em obras literárias. “Eu precisava entregar a monografa do curso de jornalismo e pensei em falar do samba. Precisava comunicar o público algo que minha sociedade representa. Mas queria fazer um trabalho que mostrasse o samba do morro, o samba como realmente é”, explicou.
Mas, a ideia inicial não pode seguir adiante. O personagem deste trabalho seria Bezerra da Silva, porém o artista morreu. Nesse meio tempo, conheceu Waldeci Claudino, o Luquinha da Mangueira. Ao conversarem, o jornalista se encantou com a história do avô de Luquinha, Maçu da Mangueira, e resolveu dedicar a ele o estudo de sua monografia: alguém que não só representasse a cultura brasileira, mas tirar esse importante nome do samba do anonimato.
Maçu representou, durante 30, 40 anos o Morro da Mangueira onde era chamado de Valente, comparado hoje a dizer que era o dono do morro. E foi o primeiro mestre-sala da história das escolas de samba. “Nas escolas de samba não existiu ninguém antes do Maçu que tivesse não só bailado como mestre-sala mas junto com a porta-bandeira, o mestre sala protetor é uma figura que ele trouxe dos ranchos.”, ressaltou.
Com todo o trabalho de pesquisa que reuniu para que parte desconhecida da cultura brasileira fosse apresentada à comunidade, o escritor se deparou com a a maior dificuldade: o mercado literário.
“Propus a uma editora a edição e publicação. Aprendi na escola sobre relação de trabalho, que o trabalhador entrava com a força de trabalho e o dono da terra, fosse o Estado ou a iniciativa privada, com os meios de produção. Mas, isso não acontece”, lamentou.
Do total de 100 livros, explicou ele, 10 eram do autor, 30 da editora e 60 da distribuidora. “Que não tem o trabalho de pesquisar, revisar, escrever mas consegue concentrar um poderio tal que 60% é dela.”
Familiarizado com as nuances do mercado literário, Sérgio Gramático Júnior decidiu escrever mais um livro de poesia. Dessa vez teve que escolher uma editora alternativa, que fez uma tiragem muito menor . “Decidi escrever poesia sobre carnaval para trazer a visão sociológica, enaltecendo a festa em um capítulo e em outro fiz questão de escrever sobre personalidades que fazem o carnaval, não só como o Maçu, mas que estão aí e a mídia não dá o valor devido a elas”, ressaltou Gramático.
Optando por não fazer homenagens póstumas e sim aos que ainda estavam em atividade como Delegado da Mangueira, Ivone Lara, Haroldo Costa, Velha Guarda e bateria da Mangueira, João Roberto Kelly que é o grande autor de marchinhas contemporâneas, a receptividade foi muito grande, tanto dos homenageados que ficaram satisfeitos com trabalho como das pessoas que foram participar do lançamento.
A falta de material de pesquisa e de publicações sobre o carnaval é grande, segundo Sérgio Gramático. Por isso, destaca trabalhos como do jornalista Luiz Fernando Vieira que abre as portas da própria casa para oferecer aos interessados um vasto material, não só sobre carnaval, mas cultura brasileiro em geral.
Sérgio Gramático defende, com suas ações, que o carnaval deve e tem que ser uma festa popular. “O carnaval é uma inversão de 4 dias de tudo que a sociedade prega durante 1 ano. A sociedade prega que existe certo e errado, bonito e feio, são muitos modelos pré concebidos. A doméstica na casa da madame enfrenta uma hora e meia para chegar na casa dela, cansada, pra ser doméstica em casa também e acho interessante é que a madame que vem para avenida aplaudir a doméstica. E a doméstica aceita aquele aplauso com naturalidade, mostrando que aí sim existe democracia.”
E falando sobre a essência do carnaval, Sérgio Gramático Júnior lembra quando as festas de Momo não tinham ingressos, apenas arquibancadas populares e as escolas desfilavam separadas do público apenas por cordas. Relembrando os temos da cultura realmente para o povo, o escritor e jornalista sugere: “ Que tal uma escola de samba, um dia, vir na Praça Onze, desfilar sem cobrar ingresso. Sem todo o aparato financeiro, sem carros alegóricos? Viria para presentear o povo com a sua essência.”
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Seminário de Gestão e Produção Cultural
Caros amigos, mais uma participação no nosso Seminário de Gestão e Produção Cultural, realizado em novembro de 2010 como projeto final de conclusão do curso de pós-gradução de Gestão e Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá. Estou dando prioridade às participação sobre carnaval devido à proximidade do feriadão, ok? Esta Alessandra Pirotelli Diretora Executiva da Camarote Brasil Produções e Eventos
“Carnaval e o empreendedorismo”
O que a cidadania e o carnaval têm em comum? Pois esse foi o ponto de partida para Alessandra Pirotelli. Se hoje a produtora cultural e atriz trabalha na divulgação da cultura e, principalmente, das artes carnavalescas, mostrando ao mundo que o Brasil é único nesta área, mas que vem dando frutos, foi através desse “casamento” que tudo começou. O início profissional foi aos 17 anos de idade no Ibase, empresa do sociólogo Betinho, na área de informática, sua graduação. “Tive a sorte de poder estar perto de uma pessoa maravilhosa, única. Ele era muito sedutor nas questões sociais, na ideologia”, lembra.
Depois de absorver toda a experiência em trabalhar com organizações não governamentais e com o inesquecível Betinho, Alessandra Pirotelli, foi conhecer o mundo. De volta ao Brasil, ela participou, em 1988, de um dos momentos mais marcantes do carnaval brasileiro e que pode ter sido a principal influência para levá-la definitivamente para o mundo das artes: foi uma das mendigas na ala mais polêmica da Beija-Flor no ano de “Ratos e Urubus”, do carnavalesco Joãosinho Trinta. “Fiquei maravilhada com aquela cartase, com o espetáculo, aquele Cristo coberto. Setenta mil pessoas delirando, uma mistura de emoções. Claro que aquilo representava algo muito maior.”
Em 2000, criou um projeto chamado Unidos do Mundo depois de constatar que existem escolas de samba no mundo inteiro que procuravam seguir as escolas de samba brasileiras: com comissão de frente, mestre-sala, porta-bandeira todos os quesitos . E mais: que eram estrangeiros, representando entrepostos culturais brasileiros espalhados pelo mundo e que espontaneamente vendiam a imagem positiva do Brasil e do Rio sem nenhum esforço. Eles tinham paixão por aquilo que faziam.“E não são brasileiros, são estrangeiros que amavam o samba, entendiam o samba como potencial de transformação da sociedade”.
A Unidos do Mundo, então, fez parte do quadro oficial de comemorações do quinto centenário do Descobrimento do Brasil. O desfile aconteceu no sábado das Campeãs, com um samba do compositor Martinho da Vila e representanes de vários países. “Projeto que era para ser pequeno, com 200 pessoas e tivemos mil pessoas”, disse.
A partir daí, com a percepção de que havia um caminho maior com a estrutura da escola de samba, Alessandra Pirotelli fundou a Camarote Brasil Agência Cultural, há 10 anos, com o objetivo de unir a estrutura das escolas de samba, com o lado empresarial.
A demanda foi enorme por parte do mundo empresarial. Empresas solicitavam produtos diversos, não somente shows, mas também eventos relacionados à cultura brasileira como um todo. “Eles queriam saber como eram as escolas, como surgiram, queriam que contássemos a história das escolas de samba. O mais interessante é que as empresas queriam informações sobre o qual era a motivação que estava por trás de uma escola de samba. O que faz com que 5 mil pessoas estejam ali, mesmo que nem todas tenham ensaiado, mas fazem com que o espetáculo aconteça naquele momento e hora marcada? O que as escolas tinham que as empresas necessitavam? Como motivar as equipes a terem esse tipo de envolvimento?”.
A diretora e fundadora da Camarote Brasil afirma que a Camarote Brasil tem uma visão empresarial sim, pois é uma maneira de mostrar o produto carnaval e fortalecer ainda mais essa indústria que influencia diversas áreas, não só a cultural, mas diversas outras como a econômica e a social
Hoje, representantes da Camarote viaja para todos os lados do mundo divulgando e mostrando a cultura e o carnaval brasileiros. Existe uma federação europei de cidades do carnaval da qual Alessandra Pirotelli é representante no Brasil. “ Quando somos recebidos lá fora somos muito respeitados como um povo que criou uma estrutura, um espetáculo com tamanha força como uma escola de samba”, destaca.
O assunto é tão complexo, disse a produtora cultura, que estudantes, inclusive no Japão, elaboraram teses de doutorado sobre organização e métodos das escolas de samba.
E as atividades não pararam. Aproveitando a experiência com a ONG de Betinho, criou sua própria Organização Não Governamental, o Casarão das Artes Carnavalescas, com o objetivo desenvolver produtos culturais na área do carnaval e trabalhar na formação de artesãos do carnaval.
“A gente percebia que as técnicas empregadas na construção de uma escola de samba eram técnicas passadas de pai para filho, de irmão para irmão, mas que não existia uma metodologia e que pudesse, naquela época há 2 anos,registrar, listar, essas técnicas utilizadas”, explicou.
Sobre produtores culturais e gestores na área carnavalesca, Alessandra Pirotelli reconhece a falta de pessoas qualificadas. “Geralmente quando precisamos de um produtor não temos um local, temos que contar com indicação de amigos. É difícil”, disse. Ainda de acordo com ela, cursos como o de Gestão de Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá são importante para a formação e a qualificação de profissionais.
Alessandra Pirotelli lembra, mais uma vez, o sociólogo com quem trabalhou no início da carreira profissional. como forma de inspiração e de comportamento cidadão e motivacional. Durante um período de certa dificuldade na diretoria da ONG de Betinho, de opiniões diversas, ele disse em uma reunião: "O que o Ibase está precisando é de uma música, mais do que uma música, de uma escola de samba. Isso aqui tem que funcionar como uma escola de samba. A gente tem que empurrar o Ibase pra frente para que todos entendam que enredo é esse que estamos falando.” E essa postura e o ensinamento de Betinho ao mostrar o que esperava de sua equipe deram frutos: foi daí que surgiu a importante campanha que até hoje é prestigiada pela sociedade. "Quem tem fome, tem pressa" .
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Turma de Gestão e Produção Cultural
Aos companheiros de jornada -longa jornada -finalmente concluimos o curso! E fechamos com chave de ouro, foi muito bom! Obrigada Angélica, Daisy, Dersu, Gian, Rosane e Sady!
Seminário de Gestão e Produção Cultural
Bom dia, amigos
Como já havia colocado aqui, minha querida turma de pós gradução em Gestão e Produção Cultural organizou como projeto final do curso um seminário onde reunimos excelentes profissionais em gestão, produção e carnaval. Para quem não foi pessoalmente e não conseguiu aproveitar um dia de troca de experiência fantástico, vou colocar aqui as participações dos nossos debatedores.
Começo por ninguém menos que Laíla, diretor de Carnaval da GRES Beija-Flor. Nos próximos dias vou colocando os demais.
Laíla
“A arte, a organização e a defesa da volta do carnaval tradicional”
Considerado uma das personalidades mais conhecidas do carnaval carioca, ele é discreto, mas por trás da aparência séria e fechada está uma figura que se abre quando o assunto é o que domina como poucos.
Laíla “respira” carnaval desde criança. Natural do Morro do Salgueiro, na Tijuca, foi lá que viveu e aprendeu os primeiros passos da arte. A mãe era destaque e ele, aos 10 anos de idade, já participava de uma escola mirim. Laíla disse que a escola fez sucesso por muitos anos , mas começou a se desafazer depois que “os adultos se intrometeram” .
Com apenas treze anos de idade foi convidado a integrar a ala de compositores do Salgueiro, criado da união de três escolas de samba da comunidade. Disputou o primeiro samba-enredo e foi vice-campeão, assim como no ano seguinte. A partir daí, seguiu a caminhada pelas estradas do carnaval, isso por volta de 1959.
“Fui aprendendo, trabalhei com Fernando Pamplona em vários carnavais do Salgueiro como em 1962 com Descobrimento do Brasil. Rosa Magalhães e Maria Augusta, enfim, todo mundo era assistente dele”, lembrou.
Mas, Laíla ressalta que o pontapé inicial para a mudança do carnaval foi de Nelson de Andrade. “Quando todo mundo fazia Caixas, Tiradentes, ele fez Debret em 1959 e em 1960 fez Palmares e assim o Salgueiro se tornou forte. Ele mudou a cara do carnaval”.
No primeiro ano que assumiu a direção geral de carnaval, em 1967, o Salgueiro ficou em terceiro lugar com a História da Liberdade no Brasil; em seguida, na mesma colocação com Dona Beija. O primeiro campeonato veio em 1969 com Bahia de Todos os Deuses e seguiu sempre ficando entre os cinco melhores do carnaval carioca.
Em 1975, atendendo ao convite do presidente da honra da Beija-Flor, Aniz Abrãao David, o Anísio, foi para a escola de Nilópolis, juntamente com Joãosinho Trinta. Até então, era uma escola sem grandes resultados, mas, a era do anonimato estava para terminar com a chegada da dupla.
“A ida para Beija-Flor foi importante porque encontramos o que não conseguíamos no Salgueiro: trabalhar com a comunidade. Juntou a nossa vontade com tudo que queríamos fazer e com a ajuda financeira. “
Desde que se integrou à “família” Beija-Flor vieram muitas vitórias e sucessos. Viveu cada momento marcante do carnaval. Mas, agora está preocupado com os rumos da maior festa do planeta. Laíla fez duras críticas aos altos gastos que as escolas estão realizando e o abandono da tradição.
“ A Beija-Flor nunca perdeu sua origem, sua característica. Hoje o carnaval está muito caro por causa dessa loucura de grandes produções. As escolas estão gastando horrores, o que tem e o que não tem”, alerta.
O diretor de carnaval garante que, este ano, vai apostar em alegorias mais leves e na emoção, mas reconhece que é um risco. “ Estamos buscando os caminhos, mas a cada hora que tentamos ir para o carnaval tradicional sofremos críticas. Dizem que não vai vender ingresso, não vai ganhar. A Beija-Flor está buscando, mas e se a escola perder o título, ficar em quarto, quinto lugar. Aí ano que vem volta ao carnaval espetáculo. Não estamos preparados para perder, pelo trabalho da comunidade, pela inovação que conseguimos fazer como uma equipe de carnaval. Mas, será que estou certo em pensar nessa maneira?”, declarou.
A Beija-Flor veste, gratuitamente, 3 mil componentes da comunidade. Os ensaios e as bebidas têm preços populares e ao contrário de outras agremiações que cobram valores altos pela entrada nos ensaios que hoje são verdadeiros show, em Nilópolis, a arrecadação dos eventos é mínima. Tudo para garantir um acesso democrático e possível para todos, independentemente do poder aquisitivo.
A preocupação em conduzir de forma séria os trabalhos na agremiação se exemplifica no processo de escola do samba-enredo 2011 que homenageia Roberto Carlos. Laíla não se intimidou com a responsabilidade, mesmo tendo entre os sambas inscritos nomes ligados ao “rei” . “Não tem esse negócio de já ganhou . Nós recebemos 54 sambas para 2011, alguns não aceitamos porque não estavam de acordo. Aqui não é o nome é a obra, o talento”, afirmou.
Laíla terminou a participação no evento com uma reflexão. “Participei de todas as revoluções do carnaval, mas está na hora de pensarmos a questão. Esse carnaval espetáculo que está se propondo para 2011 será um carnaval muito perigoso. Este ano será decisivo e eu não sei onde isso vai parar.”
Como já havia colocado aqui, minha querida turma de pós gradução em Gestão e Produção Cultural organizou como projeto final do curso um seminário onde reunimos excelentes profissionais em gestão, produção e carnaval. Para quem não foi pessoalmente e não conseguiu aproveitar um dia de troca de experiência fantástico, vou colocar aqui as participações dos nossos debatedores.
Começo por ninguém menos que Laíla, diretor de Carnaval da GRES Beija-Flor. Nos próximos dias vou colocando os demais.
Laíla
“A arte, a organização e a defesa da volta do carnaval tradicional”
Considerado uma das personalidades mais conhecidas do carnaval carioca, ele é discreto, mas por trás da aparência séria e fechada está uma figura que se abre quando o assunto é o que domina como poucos.
Laíla “respira” carnaval desde criança. Natural do Morro do Salgueiro, na Tijuca, foi lá que viveu e aprendeu os primeiros passos da arte. A mãe era destaque e ele, aos 10 anos de idade, já participava de uma escola mirim. Laíla disse que a escola fez sucesso por muitos anos , mas começou a se desafazer depois que “os adultos se intrometeram” .
Com apenas treze anos de idade foi convidado a integrar a ala de compositores do Salgueiro, criado da união de três escolas de samba da comunidade. Disputou o primeiro samba-enredo e foi vice-campeão, assim como no ano seguinte. A partir daí, seguiu a caminhada pelas estradas do carnaval, isso por volta de 1959.
“Fui aprendendo, trabalhei com Fernando Pamplona em vários carnavais do Salgueiro como em 1962 com Descobrimento do Brasil. Rosa Magalhães e Maria Augusta, enfim, todo mundo era assistente dele”, lembrou.
Mas, Laíla ressalta que o pontapé inicial para a mudança do carnaval foi de Nelson de Andrade. “Quando todo mundo fazia Caixas, Tiradentes, ele fez Debret em 1959 e em 1960 fez Palmares e assim o Salgueiro se tornou forte. Ele mudou a cara do carnaval”.
No primeiro ano que assumiu a direção geral de carnaval, em 1967, o Salgueiro ficou em terceiro lugar com a História da Liberdade no Brasil; em seguida, na mesma colocação com Dona Beija. O primeiro campeonato veio em 1969 com Bahia de Todos os Deuses e seguiu sempre ficando entre os cinco melhores do carnaval carioca.
Em 1975, atendendo ao convite do presidente da honra da Beija-Flor, Aniz Abrãao David, o Anísio, foi para a escola de Nilópolis, juntamente com Joãosinho Trinta. Até então, era uma escola sem grandes resultados, mas, a era do anonimato estava para terminar com a chegada da dupla.
“A ida para Beija-Flor foi importante porque encontramos o que não conseguíamos no Salgueiro: trabalhar com a comunidade. Juntou a nossa vontade com tudo que queríamos fazer e com a ajuda financeira. “
Desde que se integrou à “família” Beija-Flor vieram muitas vitórias e sucessos. Viveu cada momento marcante do carnaval. Mas, agora está preocupado com os rumos da maior festa do planeta. Laíla fez duras críticas aos altos gastos que as escolas estão realizando e o abandono da tradição.
“ A Beija-Flor nunca perdeu sua origem, sua característica. Hoje o carnaval está muito caro por causa dessa loucura de grandes produções. As escolas estão gastando horrores, o que tem e o que não tem”, alerta.
O diretor de carnaval garante que, este ano, vai apostar em alegorias mais leves e na emoção, mas reconhece que é um risco. “ Estamos buscando os caminhos, mas a cada hora que tentamos ir para o carnaval tradicional sofremos críticas. Dizem que não vai vender ingresso, não vai ganhar. A Beija-Flor está buscando, mas e se a escola perder o título, ficar em quarto, quinto lugar. Aí ano que vem volta ao carnaval espetáculo. Não estamos preparados para perder, pelo trabalho da comunidade, pela inovação que conseguimos fazer como uma equipe de carnaval. Mas, será que estou certo em pensar nessa maneira?”, declarou.
A Beija-Flor veste, gratuitamente, 3 mil componentes da comunidade. Os ensaios e as bebidas têm preços populares e ao contrário de outras agremiações que cobram valores altos pela entrada nos ensaios que hoje são verdadeiros show, em Nilópolis, a arrecadação dos eventos é mínima. Tudo para garantir um acesso democrático e possível para todos, independentemente do poder aquisitivo.
A preocupação em conduzir de forma séria os trabalhos na agremiação se exemplifica no processo de escola do samba-enredo 2011 que homenageia Roberto Carlos. Laíla não se intimidou com a responsabilidade, mesmo tendo entre os sambas inscritos nomes ligados ao “rei” . “Não tem esse negócio de já ganhou . Nós recebemos 54 sambas para 2011, alguns não aceitamos porque não estavam de acordo. Aqui não é o nome é a obra, o talento”, afirmou.
Laíla terminou a participação no evento com uma reflexão. “Participei de todas as revoluções do carnaval, mas está na hora de pensarmos a questão. Esse carnaval espetáculo que está se propondo para 2011 será um carnaval muito perigoso. Este ano será decisivo e eu não sei onde isso vai parar.”
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