Caros amigos, mais uma participação no nosso Seminário de Gestão e Produção Cultural, realizado em novembro de 2010 como projeto final de conclusão do curso de pós-gradução de Gestão e Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá. Estou dando prioridade às participação sobre carnaval devido à proximidade do feriadão, ok? Esta Alessandra Pirotelli Diretora Executiva da Camarote Brasil Produções e Eventos
“Carnaval e o empreendedorismo”
O que a cidadania e o carnaval têm em comum? Pois esse foi o ponto de partida para Alessandra Pirotelli. Se hoje a produtora cultural e atriz trabalha na divulgação da cultura e, principalmente, das artes carnavalescas, mostrando ao mundo que o Brasil é único nesta área, mas que vem dando frutos, foi através desse “casamento” que tudo começou. O início profissional foi aos 17 anos de idade no Ibase, empresa do sociólogo Betinho, na área de informática, sua graduação. “Tive a sorte de poder estar perto de uma pessoa maravilhosa, única. Ele era muito sedutor nas questões sociais, na ideologia”, lembra.
Depois de absorver toda a experiência em trabalhar com organizações não governamentais e com o inesquecível Betinho, Alessandra Pirotelli, foi conhecer o mundo. De volta ao Brasil, ela participou, em 1988, de um dos momentos mais marcantes do carnaval brasileiro e que pode ter sido a principal influência para levá-la definitivamente para o mundo das artes: foi uma das mendigas na ala mais polêmica da Beija-Flor no ano de “Ratos e Urubus”, do carnavalesco Joãosinho Trinta. “Fiquei maravilhada com aquela cartase, com o espetáculo, aquele Cristo coberto. Setenta mil pessoas delirando, uma mistura de emoções. Claro que aquilo representava algo muito maior.”
Em 2000, criou um projeto chamado Unidos do Mundo depois de constatar que existem escolas de samba no mundo inteiro que procuravam seguir as escolas de samba brasileiras: com comissão de frente, mestre-sala, porta-bandeira todos os quesitos . E mais: que eram estrangeiros, representando entrepostos culturais brasileiros espalhados pelo mundo e que espontaneamente vendiam a imagem positiva do Brasil e do Rio sem nenhum esforço. Eles tinham paixão por aquilo que faziam.“E não são brasileiros, são estrangeiros que amavam o samba, entendiam o samba como potencial de transformação da sociedade”.
A Unidos do Mundo, então, fez parte do quadro oficial de comemorações do quinto centenário do Descobrimento do Brasil. O desfile aconteceu no sábado das Campeãs, com um samba do compositor Martinho da Vila e representanes de vários países. “Projeto que era para ser pequeno, com 200 pessoas e tivemos mil pessoas”, disse.
A partir daí, com a percepção de que havia um caminho maior com a estrutura da escola de samba, Alessandra Pirotelli fundou a Camarote Brasil Agência Cultural, há 10 anos, com o objetivo de unir a estrutura das escolas de samba, com o lado empresarial.
A demanda foi enorme por parte do mundo empresarial. Empresas solicitavam produtos diversos, não somente shows, mas também eventos relacionados à cultura brasileira como um todo. “Eles queriam saber como eram as escolas, como surgiram, queriam que contássemos a história das escolas de samba. O mais interessante é que as empresas queriam informações sobre o qual era a motivação que estava por trás de uma escola de samba. O que faz com que 5 mil pessoas estejam ali, mesmo que nem todas tenham ensaiado, mas fazem com que o espetáculo aconteça naquele momento e hora marcada? O que as escolas tinham que as empresas necessitavam? Como motivar as equipes a terem esse tipo de envolvimento?”.
A diretora e fundadora da Camarote Brasil afirma que a Camarote Brasil tem uma visão empresarial sim, pois é uma maneira de mostrar o produto carnaval e fortalecer ainda mais essa indústria que influencia diversas áreas, não só a cultural, mas diversas outras como a econômica e a social
Hoje, representantes da Camarote viaja para todos os lados do mundo divulgando e mostrando a cultura e o carnaval brasileiros. Existe uma federação europei de cidades do carnaval da qual Alessandra Pirotelli é representante no Brasil. “ Quando somos recebidos lá fora somos muito respeitados como um povo que criou uma estrutura, um espetáculo com tamanha força como uma escola de samba”, destaca.
O assunto é tão complexo, disse a produtora cultura, que estudantes, inclusive no Japão, elaboraram teses de doutorado sobre organização e métodos das escolas de samba.
E as atividades não pararam. Aproveitando a experiência com a ONG de Betinho, criou sua própria Organização Não Governamental, o Casarão das Artes Carnavalescas, com o objetivo desenvolver produtos culturais na área do carnaval e trabalhar na formação de artesãos do carnaval.
“A gente percebia que as técnicas empregadas na construção de uma escola de samba eram técnicas passadas de pai para filho, de irmão para irmão, mas que não existia uma metodologia e que pudesse, naquela época há 2 anos,registrar, listar, essas técnicas utilizadas”, explicou.
Sobre produtores culturais e gestores na área carnavalesca, Alessandra Pirotelli reconhece a falta de pessoas qualificadas. “Geralmente quando precisamos de um produtor não temos um local, temos que contar com indicação de amigos. É difícil”, disse. Ainda de acordo com ela, cursos como o de Gestão de Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá são importante para a formação e a qualificação de profissionais.
Alessandra Pirotelli lembra, mais uma vez, o sociólogo com quem trabalhou no início da carreira profissional. como forma de inspiração e de comportamento cidadão e motivacional. Durante um período de certa dificuldade na diretoria da ONG de Betinho, de opiniões diversas, ele disse em uma reunião: "O que o Ibase está precisando é de uma música, mais do que uma música, de uma escola de samba. Isso aqui tem que funcionar como uma escola de samba. A gente tem que empurrar o Ibase pra frente para que todos entendam que enredo é esse que estamos falando.” E essa postura e o ensinamento de Betinho ao mostrar o que esperava de sua equipe deram frutos: foi daí que surgiu a importante campanha que até hoje é prestigiada pela sociedade. "Quem tem fome, tem pressa" .
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