segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os Sons da Matriz


Minha pequena homenagem à Cidade Garbosa, minha querida São João Nepomuceno, que foi publicada na Voz de São João.



Ainda com os olhos fechados, escuto 7 batidas e várias badaladas. O som familiar não deixa dúvidas: são o relógio e o sino da Matriz, acordei em São João Nepomuceno! Na mesma hora, uma mistura de cheirinho de infância, de aconchego e tranquilidade faz com que abra um sorriso que mais parece um sinal de cumplicidade com o tempo que não volta mais, porém, certa de que as lembranças fazem com que eu ainda tenha um pedacinho da terra.



Ainda na cama, o filme vai passando na minha memória do tempo em que era feliz e... sabia! E os sons da Matriz fazem parte de cada momento. Às 6h30, era hora de acordar para a aula no Judite de Mendonça e mais tarde no “Sôbi”. Batia 11 horas ! Saía correndo para casa porque o almoço já estava pronto. Mas antes do meio-dia, uma passadinha na vô Graciema para roubar um pedacinho do pudim de pão. Chego em casa e um pouco de descanso porque uma da tarde era hora de estudar.



E os “avisos” do meu companheiro do dia a dia não paravam. Tinha aula de piano, às 3 da tarde, com a Maria Alice e depois com a dona Leonor. À noite, hora das novelas, dos programas, das brincadeiras no adro da igreja e no jardim. Como me lembro das “escapadas” para a Tia Marisa onde brincávamos naqueles enormes corredores e gigantescos quartos do casarão! Mas, quando o relógio batia, já gritavam meu nome porque era hora de ir embora.

No final de semana, eles não descansavam: as badaladas do sino avisavam da missa; as batidas do relógio da hora de ir para o Campestre, do jogo do meu Mengão, de arrumar o material escolar e começar tudo de novo!

Na adolescência, não tinha escapatória: era o aviso que a diversão no “Kako” tinha acabado. Hora de ir embora, porque certamente a “dona Renée” estava esperando. E ai de não chegar conforme o combinado!!

Levanto da cama para aproveitar meu feriado. O sino avisa e chama para as celebrações da Semana Santa. Durante os 4 dias revendo amigos e parentes, relembrando boas histórias, rindo – ou na varanda de casa ou no Bistrot da Carolina – a mistura de sons da Matriz está lá, como marcando compasso e fazendo a contagem regressiva para a minha despedida, mas também convidando para um breve retorno.

Olho pela janela de casa vejo meus sobrinhos, meu filho e um grupo de crianças - filhas de amigas e amigos de infância - correndo pelo jardim. Agradeço a Deus por conseguirem aproveitar também esses momentos tão especiais.

Volto revigorada e pronta para retornar à realidade, mas aguardando uma nova oportunidade de acordar em Nepopó ! Termino este texto e olho pra cima. O relógio digital - impessoal e silencioso - da parede do meu quarto marca 7 da noite. Mas, quem viveu esses anos maravilhosos é capaz de sentir, bem no fundo do peito, as badaladas do sino e as batidas do relógio da Matriz.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Seminário de Gestão e Produção Cultural - Rodolpho Athayde - produtor cultural



As dificuldades e a atuação dos produtores culturais”



O produtor cultural Rodolpho Athayde destacou, na sua participação, as dificuldades que o profissional da área enfrenta para desenvolver projetos e colocá-los em prática. Ele ressaltou que é importante sistematizar e reforçar as atividades de gestor e produtor cultural. “Em grande parte das vezes, está vinculada à prática individual de cada um”, afirmou.

A experiência de Rodolpho Athayde está centrada, atualmente, nas artes plásticas. Formado em Filosofia pela Universidade Estatal de Moscou (M.V.Lomonosov), é sócio fundador da Arte A Produções. Mas já trabalho também na área musical. Desde 1995 trabalha na área de promoção cultural, responsável pela presença no Brasil de importantes músicos como Gonzalo Rubalcaba, Buena Vista Social Club, Irakere com Chucho Valdéz, o grupo Los Van Van, Síntesis, Jane Bunnett, entre outros. Entre 1999 e 2001, produziu uma série de sete CDs, dois deles indicados para o Grammy Latino. Em 2005 assumiu a coordenação geral dos projetos de Arte A Produções com as exposições Arte de Cuba, Carlos Garaicoa, Virada Russa, Expedição Langsdorff, Islã e Miragens.

Na avaliação de Rodolpho Athayde, o gestor cultural no Brasil exerce uma multiplicidade de funçõesm diferentemente de países na Europa.”É um desafio grande. Hoje se fala muito no curador. Nós no Brasil temos uma série de curadores importantes, mas a grande maioria dos projetos, principalmente, de artes visuais, ão ligadas a curadores e gestores que têm essa diversidade de funções. São responsáveis desde a criação do projeto e assumr totalmente a gestão direta da produção. É um processo complexo”, ressaltou.

Ele lamentou a falta de pessoal capacitado para implementar os projetos com todas as exigências neles contidas e a falta a falta de espaço adequado com condições necessárias para abrigar exposições de alta complexidade, como a mais recente que realizou sobre o Islã. “Temos vontade de levar projetos para outras regiões do país, mas não têm espaços adequados. Estou falando, inclusive, de capitais importantes.”

Outra questão fundamental abordada pelo produtor é a remuneração. Alguns projetos, segundo ele, demandam dedicação total, então, os produtores precisam fazer da proposta uma proposta viável. Mas, é um desafio muito grande manter uma produtora hoje em dia centrada na especlaização de determinadas áreas. De acordo com Rodolpho Athayde, projetos culturais de qualidade precisam de pesquiisa séria, planejamento complexo e fica manter pessoal capacitado e qualificados.

“Quando enfrentamos, por exemplo, exposições internacionais como do Islã,

precisamos de pessoas com qualificação, tanto de línguas, gestão empresarial, em negociação internacional. Como se preparar? Como trabalhar, preparar projetos futuros e manter a estabilidade do pessoal e da empresa? Eu falo do ponto de vista de uma equipe de produção altamente privilegiada, mas imagine o produtor que está começando ou não tem ainda algum nome no mercado?”, ressaltou.

E as dificuldade não param por aqui. Ela ressalta, ainda, a questão do seguro. “Carecemos no Brasil ferramentas que existem em outros países. Por exemplo, a questão do seguro. Eventos geram gastos, as vezes, que resultam em 40% do projeto e às vezes tem que ser negociado internalmente, no país não há empresas que possam trabalhar com esses valores”

Como conselho para os iniciantes, Rodolpho Athayde destaca que a preparação de um projeto tem que estar baseada no diferencial, na sustentação, na elaboração de um conceito que se justifique por si só e que seu peso seja suficiente para ser considerado para além da pessoa que apresenta. “Infelizmente, hoje muitos patrocinadores olham para quem propõe”, lamentou.

Ele lembrou de quando conseguiu emplacar o primeiro projeto no CCBB. “Não tínhamos parentes, políticos influentes. E o pior: apesar de pai brasileiro, ainda sou estrangeiro, sou cubano, e minha esposa e parceira Annie Rodrigues também não é brasileira. Felizmente, o projeto foi apresentado através de edital via internet. A sustentação do projeto foi suficientemente forte.”

Rodolpho destaca, com isso, a importância desse tipo de curso e formação. Embora afirme que o produtor cultural se faz na prática, reconhece que é importante a veiculação desse tipo de proposta, ou seja, curso e experiência. “Assumir a função de produtor requer tempo, preparação, conseguir os apoios necessários para o trabalho e estabelecer uma proposta clara e antenada com os interesses tanto do patrocinador quanto das diretrizes para não ficarmos frustrados de achar que o projeto é maravilhoso, mas não se encaixa.”

Rodolpho Athayde destacou, também a importância cultura brasileira e lembrou que a exposição do Brasil será muito grande no mundo com a proximidade das Olimpíadas e Copa do Mundo. No entanto, ele acredita que é preciso diversificar. “Claro que a música o Brasil se destaca, mas tem outras áreas que precisam de oportunidades artes plásticas que precisa ter mais reconhecimento. O Brasil tem um movimento muito forte, artistas reconhecidos dentro do circuito da área contemporânea, mas precisam de apoio.”, afirmou.

Mais participações no Seminário

Danon Lacerda


Gerente de Programação do Centro Cultural Banco do Brasil – Rio de Janeiro

 
“Espaço e apoio às produções culturais”


Danon Larcerda destacou que é sempre importante participar de eventos como o seminário para mostrar a atuação do Banco do Brasil nesta área culturas, inclusive, no campo da acessibilidade, não só na questão das pessoas com deficiência, mas também em outros aspectos como possibilitar através de preços populares o acesso a todos os cidadãos.

Como funcionário de carreira 26 anos, Danon já trabalhou em todas as áreas mass direcionou para a cultural e se aperfeiçoou: foi ator, diretor de teatro, dramaturgo e atualmente também é diretor de cinema.



Além do Rio de Janeiro, existem CCBB´s em Brasilia, São Paulo e, futuramente, Belo Horizonte.Danon Lacerda explicou, inicialmente, as estratégias de gestão cultural dentro do Banco do Brasil para poder compreender o papel do CCBB. A diretoria de marketing e comunicação à qual o CCBB está inserido é ligada diretamente à presidência do banco, não tem intermediário. “Porque o BB entende que a cultura, o marketing é uma peça fundamental estratégica de gestão”, explicou.





Dentro da estrutura da diretoria de marketing e comunicação há as demais gerências executivas: imprensa, patrocínios diversos e comunicação de marca onde está inserido a marca Banco do Brasil.

O CCBB tem basicamente três gerências, no caso do CCBB Rio, há uma gerência a mais. Núcleo de Programação, do qual Danon Lacerda é gerente, e onde são definidos os projetos que o banco vai patrocinar durante o ano. O Núcleo de Planejamento e Comunicação onde são feitas as divulgação; Núcleo de Patrimônio e Acervo exclusivo Rio porque quando foi criado, em 1989, a instituição já tinha um arquivo histórico que estava destinado a cuidar da memória e ele passou a ser gerido pelo CCBB.

O Centro Cultural Banco do Brasil é um espaço salas de exposições, salas de cinema, auditório e três teatros, um deles dedicado a montagens experimentais menos convencionais.



Conforme explicou Danon Lacerda, uma Uma vez que o banco tem no CCBB a principal ferramenta de marketing cultural – e não confundir com a atuação da Fundação BB que tem atuação independente voltada sócio-ambiental – há uma série de diretrizes a observar e a cumprir. A regularidade no funcionamento é fundamental (sempre de terça a domingo). O público tem a certeza de que haverá atividades. No entanto, ele ressalta que é primordial se pensar a longo prazo, porque abrir é fácil, mas manter atividades interessantes e que despertam o interesse do povo é o mais difícil.

A acessbilidade também é outro fator de destaque na fala do gerente de programação do CCBB. De acordo com ele, há a preocupação com a acessibilidade física: rampas para cadeirantes, cinemas para deficientes visuais e auditivos; telefones adaptados, enfim, um conjunto de ações que visam incluir as pessoas na programação.

Porém, ainda segundo Danon Lacerda, não se trata apenas da adequação física, mas também a intelectual - ter diversidade, estar aberta a todas as temáticas como artes plásticas, cênicas, buscar inclusão de todos os seguimentos – e ainda a financeira com preços populares e convênios com universidades.

Ela ressalta aindaque o objetivo é contribuir para o desenvolvimento cultural da sociedade e destaca a política para realização de eventos. “Não associamos a imagem do banco com atividades que apresentam preconceitos, discriminação, teor político-partidário, ações ligadas a jogos de azar ou que causem impactos negativos ao meio ambiente e à saúde. E esta é a primeira triagem que fazemos na hora de selecionar os projetos que serão apresentados pelo CCBB”, explicou.



Inscrições de projetos - Para os interessados em apresentar projetos ao CCBB, as inscrições abrem anualmente e são feitas através do site do banco para que todas pessoas possam ter acesso. O período normalmente é abril e maio e o resultado divulgado também pelo site, de acordo com Danon Lacerda, para garantir a transparência. Qualquer pessoa física e jurídica pode se inscrever. Abrange programação nos três CCBB´s já existentes.

Em 2010, foram recebidas 3.138 inscrições no total , a maioria, da Região Sudeste, principalmente, Rio-São Paulo, o que reflete a realidade do setor.

Danon Lacerda explica que, na primeira etapa, os técnicos analisam o projeto. Para cada um, há uma ficha de inscrição onde é dado os pareceres dos especialistas, gerente de programação e diretor geral. Nos últimos dois anos, conforme explicou o gerente de programação do CCBB, foram contratados especialistas do mercado para avaliar os escolhidos, para evitar o “vício do olhar interno”, como explicou.



Depois desta avaliação, o projeto é submetido ao Ministério da Cultura, à Secretaria de Comunicação da Presidência da República e à diretoria do BB.

De acordo com Danon Lacerda, são critérios de seleção: relevância conceitual e temática (desvincular o proponente, o que importa é a ideia, a proposta); originalidade; viabilidade técnica; adequação financeira e adequação física; identidade institucional, se guarda aderência principios e valores da empresa.

Danon explica, também que há 3 anos o CCBB passou a divulgar uma provocação ao mercado cultural para apresentar projetos. “Realizamos reunião com especialistas para sabermos o que consideram como tendência”, revelou.

E para os produtores que procuram oportunidade de realizar seu projeto, Danon Lacerda detalha: “Este ano, vamos buscar as questões voltadas para novas tecnologias; temas relevantes para a sociedade contemporânea; estratégias de democratização cultural (por exemplo, se há previsão de realizar um dia voltado para as escolas), integração das artes (cada vez mais no nosso mundo as fronteiras entre as artes estão ficando menores porque elas podem se integrar)”.

Danon Lacerda finaliza lembrando que o CCBB recebeu dois milhões de visitantes em 2010. Além disso ressalta que 180 mil pessoas participaram dos projetos educativos e que é primordial a interação da instutuição com o público. “ É muito importante o retorno das pessoas, temos mais de 50 caixas para receber sugestões, porque é a forma de ficarmos atentos às demandas, é importante o olhar daquele que utiliza os serviços do CCBB.”

Seminário de Gestão e Produção Cultural

Bom dia, amigos e amigas

Mais participações do Seminário de Gestão e Produção Cultural que realizamos na Universidade Estácio de Sá. O evento aconteceu em novembro de 2010


Ana Lúcia Pardo


Chefe de Divisão de Políticas Culturais do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro e Espírito Santo (em 2010)




“Políticas Públicas para a área cultural”

Ana Lúcia Pardo destacou que o Ministério da Cultura está trabalhando para construir políticas públicas de acesso, de diálogo, além de mecanismos para debater cadeias produtivas entre os quais rever e repensar a atual Lei de Incentivo que já tem mais de 20 anos. De acordo com ela, o próprio mercado cultural e produtores questionaram sobre acesso, captação de recursos, atualizações das ações e com o crescente números de projetos haveria essa necessidade de formulação.



A chefe de Divisão de Políticas Culturais do Ministério da Cultura no Rio de Janeiro e em São Paulo, Ana Lúcia Pardo, declarou primeira coisa que a equipe se deparou no ministério foi a necessidade de repensar o conceito de cultura. “Quando falamos de conceito não estamos falando só questão teórica, acadêmica, mas temos que definir para falar sobre o que a gestão está priorizando”, explicou.

Ainda de acordo com ela, a partir daí, a equipe trabalhou considerando três dimensões: a simbólica os diferentes modos de saber, de manifestações; a cidadã da festa, do direito; e da econômica das indústrias culturais , o que pode movimentar e desenvolver por conta das manifestações artísticas culturais.

Assim, fez-se necessário criar secretarias como da diversidade cultural e incluir e se pensar ações e polítidas públicas para culturais indígenas, quilombolas, que até então não se havia pensado. “O ministério tem menos de 30 anos e herdou instituições como Biblioteca Nacional com 200 anos, Funarte, mais de 70, portanto um ministério ainda jovem que precisava se definir políticas para além dessas fundações”, disse.

A implantação do sistema nacional de cultura foi fundamental, segundo Ana Lúcia, para reforçar que é a base para o ministério, ou seja, era importante um pacto federativo para além da União, era preciso dialogar com os estados e construir uma política conjunta com divisão de competência, divisão de trabalho, de pensar essas três esferas de governo com a sociedade civil.

Ana Lúcia Pardo chamou a atenção, ainda, para a necessidade de preservar as tradições culturais. “ Visito sistematicamente municípios, vejo ações de músicas, artesanatos, manifestações culturais, independentemente de apoio, elas acontecem. É uma enormidade de ações, pedindo uma política pública que não as deixem morrer.”. E acrescentou: “Muitas dessas manifestações que são históricas já desapareceram sem nenhum registro, o que é grave. é uma preocupação nossa a política de preservação, de memória, criando ações de fomento de continuidade.

Ana Lúcia Pardo, que também é jornalista e atriz, destacou, ainda, sua observação também com a visão das outras atividdes que exerce. Segundo ele é muito importante o diálogo com a sociedade civil. “Não é levar a cultura para o povo, o povo já faz cultura. Você tem que dialogar com quem faz.”

Ela explica que às vezes existem os recursos, mas eles voltam à União porque não tem um planejamento de utilização. Por isso é importante entender as necessidade, as demandas para a exata utilização dos recursos. “Não é só pedir recurso, é definir a política”.

Também fez questão deressaltar a significativa importância do PAC da Cultura, o Plano de Aceleração do Crescimento que o presidente Lula pediu que os ministérios se organzassem e pensassem. Neste momento, segundo ele, colocaram a cultura na centralidade do governo. “Ali pactuamos com mais de 20 ministérios. Estamos fazendo ações com os ministérios da Comunicação, Educação, Ciencia Tecnologia, Turismo, Saúde, Desenvolvimento Agrário, Igualdade Social”

Sobre a renovação da Lei Rouanet, Ana Lúcia Pardo disse. “A lei gera movimento e estatisticamente gera recursos, mas em vários municípios e outras regiões - pois as produções estão concentradas no eixo Rio-São Paulo) a dificuldade de captação, principalmente as pessoas desconhecidas e projetos menores é enorme”

Na avaliação de Ana Lúcia Pardo, a grande maioria das regiões não está aparelhada para receber as produções. Mas, por outro lado, pergunta: “Será que não acabamos mantendo a concentração nas mesmas regiões?

Sobre este assunto ela destaca o trabalho nas periferias do Rio de Janeiro como um exemplo, mostrando que são essas produções é que estão se destacando na cena contemporânea.



Na opinião da chefe de Divisão de Políticas Culturais do Ministério da Cultura no Rio e no Espírito Santo, o ideal não é não é acabar a lei de incentivo, mas colocar 80% em fundos. E explicou: “Oitenta por cento dos projetos avaliados, não vão captar e isso é perverso porque o ciclo se repete. Pior, há a reincidência dos mesmos que conseguem captação. É preciso dividir o bolo é fundamental enfrentar isso”, afirmou.

A principal renovação disso, segundo ela, é o Fundo Nacional de Cultura que é dividido em 9 fundos. Oitenta por cento em fundo direto de apoio, em forma de edital, seleção pública, mas áreas como audiovisual, arte cênicas, música, acesso e diversidade, patrimônio e memória, do livro, leitura e literatura, humanidades e artes visuais. Com uma comissão de incentivo à cultura foi preciso também intensificar os mecanismos de controle em forma de transparência



“Estamos estimulando municipios e estados a reforçarem ou criarem seu Fundo de Cultura. Cerca de 30% do mnistério será repassado. Às vezes, a fragilidade dos municipios dificulta as ações. É um gargalo e uma demanda enorme porque há muita deficiencia como elaboração de projetos, formação de gestores, capacitação de artistas, elaboração de políticas públicas”, disse.

Outras questões trabalhadas pelo ministério, segundo Ana Lúcia Pardo são: tornar mais simples a prestação de contas e, portanto, menos burocrática; estimular as pessoas físicas com ou sem fins lucrativos a participarem; diminuir o prazo para concluir avaliação dos projetos; aprimorar sistema de avaliação. foco nos resultados, não só os contábeis, mas também resultado das ações culturais.

Ana Lúcia Pardo destacou, ainda, a importância de cursos como o de Gestão e Produção Cultural. “ Nunca foi tão necessário porque essa qualificação é que vai colocar a cultura na centralidade que ela merece. É importante se discutir a questão da formação do produtor, do gestor, também entre a sociedade. Há uma tendêndia de multiplicidade de funções, entre os vários motivos, estão justamente os problemas financeiros, mas também a falta de qualificação.”, finalizou.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural



Caros amigos. Mais uma ótima participação no nosso seminário. Esta é Bianca Behrends, historiadora, pesquisadora, integrante da equipe de criação da GRES Beija-Flor de Nilópolis.

Confira a participação dela no nosso seminário


Muita gente nem pensa que no grande mundo do carnaval, com passistas, carnavalescos, destaques, artesãos, há outros profissionais tão importantes quanto. Já pensou quanto tempo gasto e os cuidados necessários para contar e desenvolver o enredo deu ma escola de samba de forma clara, verdadeira e fiel? Pois para isso, a participação de um historiador ou um pesquisador é fundamental.

Na G.R.E.S Beija-Flor de Nilópolis, uma dessas profissionais é Bianca Behrends, pesquisadora e historiadora de Cultura Popular Brasileira e integrante da Equipe de Criação da escola que desde 2003. Designada a realizar a pesquisa de retratação do enredo e documentação do carnaval, a função abrange a área de história, folclore, lendas, mitos e oralidade (dentre outros); além do levantamento bibliográfico e de referências gráficas que sirvam para a confecção de figurinos, fantasias, adereços e alegorias.

Bianca Behrends se formou em Ciências Sociais e concluiu especialização em Cultura Popular Brasileira – Festas Populares, Carnaval, Festas Regionais e Festas Religiosas, e em Políticas Públicas na Área de Segurança.

Nada começa a ser produzido sem antes passar pelas mãos de Bianca. Para isso, a presença “in loco” muitas vezes é necessária. Participar de exposições, visitar museus, bibliotecas, procurar universidades e muita, muita pesquisa também são fundamentais. O trabalho, realizado pela equipe de criação, é o suporte para a comissão de carnaval

“Minha função é colher as informações sobre o enredo. Colher informações históricas, culturais. A história oral também é muito importante para que a gente mostre ao público a história daquele tema”, disse.

Ela explica mais detalhadamente seu trabalho. “Depois que a Comissão de Carnaval e a Presidência decidem qual será o enredo, eu fico responsável por fazer um levantamento de todas as informações possíveis acerca daquele tema: História, estórias, lendas, mitos, oralidade, folclore, cultura (regional, se for o caso), referências gráficas e visuais. A seguir, a comissão e a equipe de Criação escrevem a Sinopse, que é entregue para os compositores que vão participar do concurso de sambas-enredo”, revelou.

Ainda de acordo com Bianca Behrens, dentre as informações pesquisadas, as mais importantes são retratadas nos carros alegóricos, e as que são importantes, mas têm um grau de relevância menor se comparadas às informações trazidas nas alegorias, são retratadas nas fantasias. A partir disso, os desenhos dos carros alegóricos e os figurinos começam a ser desenhados.

Concluídos e aprovados os desenhos, enquanto os protótipos começam a ser feitos, o trabalho da pesquisadora é fazer a documentação oficial do carnaval: descrição das alegorias, descrição das fantasias, histórico, justificativa e ficha técnica. “Cabe ressaltar que cada escultura, cada destaque e cada detalhe das alegorias e fantasias precisa ser esclarecido nas descrições. O corpo de jurados precisa "ler" o enredo enquanto a Escola desfila, ao som do samba-enredo. Em caso de qualquer dúvida, ou complemento, a documentação, precisa, esclarece o que for necessário”, ressaltou.

Bianca Behrends destaca também que toda produção e o trabalho feito tem que ser em equipe e que é o ponto de partida para o carnaval apresentado pela escola. Com uma forte base de conhecimento e de pesquisa, o carnavalesco pode contar de forma segura a história proposta pela escola.

Durante a participação no seminário, ela falou sobre o trabalho que realiza na agremiação e destacou que no meio de tantas celebridades e de um universo por traz da festa de Momo muito mais masculino que feminino, não se sente discriminada pela profissão que escolheu. “Cada vez mais a exigência na profissionalização é maior, independentemente de ser homem ou mulher. Mas, realmente, no início acharam até que eu fosse passista”, lembra a historiadora.

Para o enredo deste ano, que contará a história do rei Roberto Carlos, Bianca Behrends ressalta o trabalho de produção, de pesquisa e desenvolvimento é minucioso feito pela equipe com o objetivo de levar para a avenida desde a infância do cantor em Cachoeiro do Itapemirim até os dias de hoje. A cidade natal do Rei, aliás, terá papel fundamental no desfile, explicou a historiadora. Do total de oito carros alegóricos da Beija-Flor dois representarão Cachoeiro, inclusive, o abre-alas.

“ Vamos falar sobre Roberto Carlos que é um artista muito próximo, muitos o admiram. Então procuramos o que ele tem de mais marcante: a origem, a trajetória.”, explicou.

Bianca Behrends ressalta que apesar da atividade intensa, principalmente, com a proximidade do carnaval, tudo vale a pena quando aparece o resultado do seu trabalho na avenida.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural



Jorge Sapia

Vice-presidente do Sebastiana - Associação Independente dos Blocos da Zona Sul, Centro e Santa Teresa






“O crescimento do carnaval de rua”

Tem argentino no samba! Jorge Sápia tem 56 anos de idade, dos quais 36 morando no Rio de Janeiro. Ao contrário da maioria dos portenhos, a grande paixão não o futebol, nem Maradona, é o carnaval. E não se contentou em ser apenas folião, mas participa atividade da organização.

Jorge Sapia é vice-presidente da Sebastiana, a Associação de Blocos Independentes do Centro, Zona Sul e Santa Teresa que inclui os tradicionais Simpatia É Quase Amor, Bloco do Barbas, Suvaco do Cristo, Bloco de Segunda, Imprensa Que Eu Gamo, Escravos da Mauá, Carmelitas, Bloco da Ansiedade, Que Merda é Essa, Virtual, Gigantes da Lira e o Meu Bem Volto Já, bloco fundado por ele há 17 anos e que sai pelas ruas do Leme.

Em 2000, como que prevendo a explosão do carnaval de rua, um grupo de diretores de blocos tradicionais se uniu para criar o Sebastiana. De acordo com Sapia, a ideia era buscar soluções para garantir a alegria. Até então, não havia organização, segurança nem patrocínios. Na época, alguns blocos já reunia cerca de 10 mil pessoas. Hoje são mais de 400 blocos, com uma previsão de 3 milhões de foliões nas ruas da cidade entre adultos, jovens e crianças.

Jorge Sapia afirma que essas manifestações contribuem para criar uma sociedade que ajude fomentar a discussão sobre a realização deventos, de práticas sociais mais importantes. “ O carnaval de blocos cresce assustadoramente. O Rio recebeu mais gente brincando nas ruaso, um número significativo. E esse crescimento tem uma relevância político cultural enorme. Essa indústria da emoção e da alegria é importante para construir uma cidade pautada pela união e solidariedade e não uma cidade partida”, destacou Sapia.

O vice-presidente do Sebastiana disse que a atual administração municipal tem ouvido as necessidade dos blocos e reconhece a importância de se dar atenção para o carnaval de rua que beneficia varias áreas: social, turística e econômica. Porém, reconhece as dificuldades. “Colocar um milhão e meio de pessoas na cidade é um desafio da cidade. Defendemos a ideia da regionalização dos blocos, estabelecer as relações sociais com a comunidade”, disse.

Mais uma participação - Seminário de Gestão e Produção Cultural



Sérgio Gramático Júnior - escritor e jornalista





“Carnaval e o mercado literário”

Sérgio Gramático Júnior não esconde a paixão, principalmente, pelo carnaval, principalmente, aquele que se aproxima do povo, da sociedade. E o gosto pela folia foi além do simples divertimento como participante assíduo do bloco Barbas, que sai aos sábados pelas ruas de Laranjeiras. “ O Barbas acabava e nós ficávamos ali pelos bares da região, querendo esticar a festa. Um amigo começou a tocar tan-tan, cantando sambas de enredo antigos. O pessoal se juntou e cantou junto. Outro amigo teve a ideia do trocadilho: "este é o Re-barbas, a rebarba do Barbas", e assim surgiu o novo bloco que saiu informalmente durante alguns anos. Há 3 anos resolvemos fazer o bloco acontecer e chegou a reunir 600 pessoas.

E o envolvimento com as artes carnavalescas foi além da alegria das ruas e se materializou em obras literárias. “Eu precisava entregar a monografa do curso de jornalismo e pensei em falar do samba. Precisava comunicar o público algo que minha sociedade representa. Mas queria fazer um trabalho que mostrasse o samba do morro, o samba como realmente é”, explicou.

Mas, a ideia inicial não pode seguir adiante. O personagem deste trabalho seria Bezerra da Silva, porém o artista morreu. Nesse meio tempo, conheceu Waldeci Claudino, o Luquinha da Mangueira. Ao conversarem, o jornalista se encantou com a história do avô de Luquinha, Maçu da Mangueira, e resolveu dedicar a ele o estudo de sua monografia: alguém que não só representasse a cultura brasileira, mas tirar esse importante nome do samba do anonimato.

Maçu representou, durante 30, 40 anos o Morro da Mangueira onde era chamado de Valente, comparado hoje a dizer que era o dono do morro. E foi o primeiro mestre-sala da história das escolas de samba. “Nas escolas de samba não existiu ninguém antes do Maçu que tivesse não só bailado como mestre-sala mas junto com a porta-bandeira, o mestre sala protetor é uma figura que ele trouxe dos ranchos.”, ressaltou.

Com todo o trabalho de pesquisa que reuniu para que parte desconhecida da cultura brasileira fosse apresentada à comunidade, o escritor se deparou com a a maior dificuldade: o mercado literário.

“Propus a uma editora a edição e publicação. Aprendi na escola sobre relação de trabalho, que o trabalhador entrava com a força de trabalho e o dono da terra, fosse o Estado ou a iniciativa privada, com os meios de produção. Mas, isso não acontece”, lamentou.

Do total de 100 livros, explicou ele, 10 eram do autor, 30 da editora e 60 da distribuidora. “Que não tem o trabalho de pesquisar, revisar, escrever mas consegue concentrar um poderio tal que 60% é dela.”

Familiarizado com as nuances do mercado literário, Sérgio Gramático Júnior decidiu escrever mais um livro de poesia. Dessa vez teve que escolher uma editora alternativa, que fez uma tiragem muito menor . “Decidi escrever poesia sobre carnaval para trazer a visão sociológica, enaltecendo a festa em um capítulo e em outro fiz questão de escrever sobre personalidades que fazem o carnaval, não só como o Maçu, mas que estão aí e a mídia não dá o valor devido a elas”, ressaltou Gramático.

Optando por não fazer homenagens póstumas e sim aos que ainda estavam em atividade como Delegado da Mangueira, Ivone Lara, Haroldo Costa, Velha Guarda e bateria da Mangueira, João Roberto Kelly que é o grande autor de marchinhas contemporâneas, a receptividade foi muito grande, tanto dos homenageados que ficaram satisfeitos com trabalho como das pessoas que foram participar do lançamento.

A falta de material de pesquisa e de publicações sobre o carnaval é grande, segundo Sérgio Gramático. Por isso, destaca trabalhos como do jornalista Luiz Fernando Vieira que abre as portas da própria casa para oferecer aos interessados um vasto material, não só sobre carnaval, mas cultura brasileiro em geral.

Sérgio Gramático defende, com suas ações, que o carnaval deve e tem que ser uma festa popular. “O carnaval é uma inversão de 4 dias de tudo que a sociedade prega durante 1 ano. A sociedade prega que existe certo e errado, bonito e feio, são muitos modelos pré concebidos. A doméstica na casa da madame enfrenta uma hora e meia para chegar na casa dela, cansada, pra ser doméstica em casa também e acho interessante é que a madame que vem para avenida aplaudir a doméstica. E a doméstica aceita aquele aplauso com naturalidade, mostrando que aí sim existe democracia.”

E falando sobre a essência do carnaval, Sérgio Gramático Júnior lembra quando as festas de Momo não tinham ingressos, apenas arquibancadas populares e as escolas desfilavam separadas do público apenas por cordas. Relembrando os temos da cultura realmente para o povo, o escritor e jornalista sugere: “ Que tal uma escola de samba, um dia, vir na Praça Onze, desfilar sem cobrar ingresso. Sem todo o aparato financeiro, sem carros alegóricos? Viria para presentear o povo com a sua essência.”

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Seminário de Gestão e Produção Cultural

Caros amigos, mais uma participação no nosso Seminário de Gestão e Produção Cultural, realizado em novembro de 2010 como projeto final de conclusão do curso de pós-gradução de Gestão e Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá. Estou dando prioridade às participação sobre carnaval devido à proximidade do feriadão, ok? Esta Alessandra Pirotelli Diretora Executiva da Camarote Brasil Produções e Eventos


“Carnaval e o empreendedorismo”


O que a cidadania e o carnaval têm em comum? Pois esse foi o ponto de partida para Alessandra Pirotelli. Se hoje a produtora cultural e atriz trabalha na divulgação da cultura e, principalmente, das artes carnavalescas, mostrando ao mundo que o Brasil é único nesta área, mas que vem dando frutos, foi através desse “casamento” que tudo começou. O início profissional foi aos 17 anos de idade no Ibase, empresa do sociólogo Betinho, na área de informática, sua graduação. “Tive a sorte de poder estar perto de uma pessoa maravilhosa, única. Ele era muito sedutor nas questões sociais, na ideologia”, lembra.

Depois de absorver toda a experiência em trabalhar com organizações não governamentais e com o inesquecível Betinho, Alessandra Pirotelli, foi conhecer o mundo. De volta ao Brasil, ela participou, em 1988, de um dos momentos mais marcantes do carnaval brasileiro e que pode ter sido a principal influência para levá-la definitivamente para o mundo das artes: foi uma das mendigas na ala mais polêmica da Beija-Flor no ano de “Ratos e Urubus”, do carnavalesco Joãosinho Trinta. “Fiquei maravilhada com aquela cartase, com o espetáculo, aquele Cristo coberto. Setenta mil pessoas delirando, uma mistura de emoções. Claro que aquilo representava algo muito maior.”

Em 2000, criou um projeto chamado Unidos do Mundo depois de constatar que existem escolas de samba no mundo inteiro que procuravam seguir as escolas de samba brasileiras: com comissão de frente, mestre-sala, porta-bandeira todos os quesitos . E mais: que eram estrangeiros, representando entrepostos culturais brasileiros espalhados pelo mundo e que espontaneamente vendiam a imagem positiva do Brasil e do Rio sem nenhum esforço. Eles tinham paixão por aquilo que faziam.“E não são brasileiros, são estrangeiros que amavam o samba, entendiam o samba como potencial de transformação da sociedade”.

A Unidos do Mundo, então, fez parte do quadro oficial de comemorações do quinto centenário do Descobrimento do Brasil. O desfile aconteceu no sábado das Campeãs, com um samba do compositor Martinho da Vila e representanes de vários países. “Projeto que era para ser pequeno, com 200 pessoas e tivemos mil pessoas”, disse.

A partir daí, com a percepção de que havia um caminho maior com a estrutura da escola de samba, Alessandra Pirotelli fundou a Camarote Brasil Agência Cultural, há 10 anos, com o objetivo de unir a estrutura das escolas de samba, com o lado empresarial.

A demanda foi enorme por parte do mundo empresarial. Empresas solicitavam produtos diversos, não somente shows, mas também eventos relacionados à cultura brasileira como um todo. “Eles queriam saber como eram as escolas, como surgiram, queriam que contássemos a história das escolas de samba. O mais interessante é que as empresas queriam informações sobre o qual era a motivação que estava por trás de uma escola de samba. O que faz com que 5 mil pessoas estejam ali, mesmo que nem todas tenham ensaiado, mas fazem com que o espetáculo aconteça naquele momento e hora marcada? O que as escolas tinham que as empresas necessitavam? Como motivar as equipes a terem esse tipo de envolvimento?”.

A diretora e fundadora da Camarote Brasil afirma que a Camarote Brasil tem uma visão empresarial sim, pois é uma maneira de mostrar o produto carnaval e fortalecer ainda mais essa indústria que influencia diversas áreas, não só a cultural, mas diversas outras como a econômica e a social

Hoje, representantes da Camarote viaja para todos os lados do mundo divulgando e mostrando a cultura e o carnaval brasileiros. Existe uma federação europei de cidades do carnaval da qual Alessandra Pirotelli é representante no Brasil. “ Quando somos recebidos lá fora somos muito respeitados como um povo que criou uma estrutura, um espetáculo com tamanha força como uma escola de samba”, destaca.

O assunto é tão complexo, disse a produtora cultura, que estudantes, inclusive no Japão, elaboraram teses de doutorado sobre organização e métodos das escolas de samba.

E as atividades não pararam. Aproveitando a experiência com a ONG de Betinho, criou sua própria Organização Não Governamental, o Casarão das Artes Carnavalescas, com o objetivo desenvolver produtos culturais na área do carnaval e trabalhar na formação de artesãos do carnaval.

“A gente percebia que as técnicas empregadas na construção de uma escola de samba eram técnicas passadas de pai para filho, de irmão para irmão, mas que não existia uma metodologia e que pudesse, naquela época há 2 anos,registrar, listar, essas técnicas utilizadas”, explicou.

Sobre produtores culturais e gestores na área carnavalesca, Alessandra Pirotelli reconhece a falta de pessoas qualificadas. “Geralmente quando precisamos de um produtor não temos um local, temos que contar com indicação de amigos. É difícil”, disse. Ainda de acordo com ela, cursos como o de Gestão de Produção Cultural da Universidade Estácio de Sá são importante para a formação e a qualificação de profissionais.

Alessandra Pirotelli lembra, mais uma vez, o sociólogo com quem trabalhou no início da carreira profissional. como forma de inspiração e de comportamento cidadão e motivacional. Durante um período de certa dificuldade na diretoria da ONG de Betinho, de opiniões diversas, ele disse em uma reunião: "O que o Ibase está precisando é de uma música, mais do que uma música, de uma escola de samba. Isso aqui tem que funcionar como uma escola de samba. A gente tem que empurrar o Ibase pra frente para que todos entendam que enredo é esse que estamos falando.” E essa postura e o ensinamento de Betinho ao mostrar o que esperava de sua equipe deram frutos: foi daí que surgiu a importante campanha que até hoje é prestigiada pela sociedade. "Quem tem fome, tem pressa" .

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Turma de Gestão e Produção Cultural

Aos companheiros de jornada -longa jornada -finalmente concluimos o curso! E fechamos com chave de ouro, foi muito bom! Obrigada Angélica, Daisy, Dersu, Gian, Rosane e Sady!





Seminário de Gestão e Produção Cultural

Bom dia, amigos

Como já havia colocado aqui, minha querida turma de pós gradução em Gestão e Produção Cultural organizou como projeto final do curso um seminário onde reunimos excelentes profissionais em gestão, produção e carnaval. Para quem não foi pessoalmente e não conseguiu aproveitar um dia de troca de experiência fantástico, vou colocar aqui as participações dos nossos debatedores.
Começo por ninguém menos que Laíla, diretor de Carnaval da GRES Beija-Flor. Nos próximos dias vou colocando os demais.



                                                                           Laíla

“A arte, a organização e a defesa da volta do carnaval tradicional”

Considerado uma das personalidades mais conhecidas do carnaval carioca, ele é discreto, mas por trás da aparência séria e fechada está uma figura que se abre quando o assunto é o que domina como poucos.

Laíla “respira” carnaval desde criança. Natural do Morro do Salgueiro, na Tijuca, foi lá que viveu e aprendeu os primeiros passos da arte. A mãe era destaque e ele, aos 10 anos de idade, já participava de uma escola mirim. Laíla disse que a escola fez sucesso por muitos anos , mas começou a se desafazer depois que “os adultos se intrometeram” .

Com apenas treze anos de idade foi convidado a integrar a ala de compositores do Salgueiro, criado da união de três escolas de samba da comunidade. Disputou o primeiro samba-enredo e foi vice-campeão, assim como no ano seguinte. A partir daí, seguiu a caminhada pelas estradas do carnaval, isso por volta de 1959.

“Fui aprendendo, trabalhei com Fernando Pamplona em vários carnavais do Salgueiro como em 1962 com Descobrimento do Brasil. Rosa Magalhães e Maria Augusta, enfim, todo mundo era assistente dele”, lembrou.

Mas, Laíla ressalta que o pontapé inicial para a mudança do carnaval foi de Nelson de Andrade. “Quando todo mundo fazia Caixas, Tiradentes, ele fez Debret em 1959 e em 1960 fez Palmares e assim o Salgueiro se tornou forte. Ele mudou a cara do carnaval”.

No primeiro ano que assumiu a direção geral de carnaval, em 1967, o Salgueiro ficou em terceiro lugar com a História da Liberdade no Brasil; em seguida, na mesma colocação com Dona Beija. O primeiro campeonato veio em 1969 com Bahia de Todos os Deuses e seguiu sempre ficando entre os cinco melhores do carnaval carioca.

Em 1975, atendendo ao convite do presidente da honra da Beija-Flor, Aniz Abrãao David, o Anísio, foi para a escola de Nilópolis, juntamente com Joãosinho Trinta. Até então, era uma escola sem grandes resultados, mas, a era do anonimato estava para terminar com a chegada da dupla.

“A ida para Beija-Flor foi importante porque encontramos o que não conseguíamos no Salgueiro: trabalhar com a comunidade. Juntou a nossa vontade com tudo que queríamos fazer e com a ajuda financeira. “

Desde que se integrou à “família” Beija-Flor vieram muitas vitórias e sucessos. Viveu cada momento marcante do carnaval. Mas, agora está preocupado com os rumos da maior festa do planeta. Laíla fez duras críticas aos altos gastos que as escolas estão realizando e o abandono da tradição.

“ A Beija-Flor nunca perdeu sua origem, sua característica. Hoje o carnaval está muito caro por causa dessa loucura de grandes produções. As escolas estão gastando horrores, o que tem e o que não tem”, alerta.

O diretor de carnaval garante que, este ano, vai apostar em alegorias mais leves e na emoção, mas reconhece que é um risco. “ Estamos buscando os caminhos, mas a cada hora que tentamos ir para o carnaval tradicional sofremos críticas. Dizem que não vai vender ingresso, não vai ganhar. A Beija-Flor está buscando, mas e se a escola perder o título, ficar em quarto, quinto lugar. Aí ano que vem volta ao carnaval espetáculo. Não estamos preparados para perder, pelo trabalho da comunidade, pela inovação que conseguimos fazer como uma equipe de carnaval. Mas, será que estou certo em pensar nessa maneira?”, declarou.

A Beija-Flor veste, gratuitamente, 3 mil componentes da comunidade. Os ensaios e as bebidas têm preços populares e ao contrário de outras agremiações que cobram valores altos pela entrada nos ensaios que hoje são verdadeiros show, em Nilópolis, a arrecadação dos eventos é mínima. Tudo para garantir um acesso democrático e possível para todos, independentemente do poder aquisitivo.

A preocupação em conduzir de forma séria os trabalhos na agremiação se exemplifica no processo de escola do samba-enredo 2011 que homenageia Roberto Carlos. Laíla não se intimidou com a responsabilidade, mesmo tendo entre os sambas inscritos nomes ligados ao “rei” . “Não tem esse negócio de já ganhou . Nós recebemos 54 sambas para 2011, alguns não aceitamos porque não estavam de acordo. Aqui não é o nome é a obra, o talento”, afirmou.

Laíla terminou a participação no evento com uma reflexão. “Participei de todas as revoluções do carnaval, mas está na hora de pensarmos a questão. Esse carnaval espetáculo que está se propondo para 2011 será um carnaval muito perigoso. Este ano será decisivo e eu não sei onde isso vai parar.”

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Qual é a graça?



Oi amigos!!! MUITO tempo sem postar, né? Festas de fim de ano, aniversários, férias, mas agora estou de volta. E queria começar pedindo a vocês para refletirem comigo.

Estava vendo outro dia o seriado Mike e Molly e achando até graça de algumas situações. O que meu marido virou pra mim e disse: "qual a graça de sacanear o gordo?"

Parei para pensar nisso e vi que ele estava certo. Não porque também estamos fora do peso, mas avaliando bem a situação, realmente é uma situação humilhante. Imaginemos outras cenas, o casal magro demais; ou alto demais; ou um baixo e outro alto;  Será que vocês que estão lendo são tão perfeitos? Não se encaixam em nenhum esteriótipo? E um casal  um negro e outro branco?  Será que poderíamos dar apelidos, só de brincadeira? Acho que não, porque para isso tem a lei do racismo; para os homossexuais, a lei contra a homofobia. Mas, e os gordos? Não é discriminação?

Acho que as pessoas têm que pensar mais a nas brincadeiras e piadas que fazem. Nem sempre se gosta de ouvir gozação daquela característica mais destacada. Incentivar a rir dessas situações não deixa de ser um sinal verde para que as crianças achem normal e aí vem o tão falado bullying que já existe desde os primórdios e agora ganhou uma denominação em inglês.

Respeito é bom e todos gostam. Até a próxima!